quinta-feira, 27 de junho de 2013

O caso do espelho

 
 
 
Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata.
Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho nas mãos:
— Mas o que é que o retrato de meu pai está fazendo aqui? — Isso é um espelho — explicou o dono da loja.
— Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai.
Os olhos do homem ficaram molhados.
— O senhor... conheceu meu pai? — perguntou ele ao comerciante.
O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira.
— É não! — respondeu o outro. — Isso é o retrato do meu pai. É ele sim! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele sorriso meio sem jeito?
O homem quis saber o preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho.
Naquele dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou, cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira.
A mulher ficou só olhando.
No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um passo atrás. Fez o sinal da cruz tapando a boca com as mãos. Em seguida, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando.
— Ah, meu Deus! — gritava ela desnorteada. — É o retrato de outra mulher! Meu marido não gosta mais de mim! A outra é linda demais! Que olhos bonitos! Que cabeleira solta! Que pele macia! A diaba é mil vezes mais bonita e mais moça do que eu!
— Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada. A mulher, chorando sentada no chão, não tinha feito nem a comida.
— Que foi isso, mulher?
— Ah, seu traidor de uma figa! Quem é aquela jararaca lá no retrato?
— Que retrato? — perguntou o marido, surpreso.
— Aquele mesmo que você escondeu na gaveta da penteadeira!
O homem não estava entendendo nada.
— Mas aquilo é o retrato do meu pai!
Indignada, a mulher colocou as mãos no peito:
— Cachorro sem-vergonha, miserável! Pensa que eu não sei a diferença entre um velho lazarento e uma jabiraca safada e horrorosa?
A discussão fervia feito água na chaleira.
— Velho lazarento coisa nenhuma! — gritou o homem, ofendido.
A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e não consegue mais voltar pra casa.
— Que é isso, menina?
— Aquele cafajeste arranjou outra!
— Ela ficou maluca — berrou o homem, de cara amarrada.
— Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá do quarto, mãe! Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá! É o retrato de outra mulher!
A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato. Entrando no quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada.
— Só se for o retrato da bisavó dele! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia, velha, cacarenta, murcha, arruinada, desengonçada, capenga, careca, caduca, torta e desdentada que eu já vi até hoje!
E completou, feliz, abraçando a filha:— Fica tranquila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova!

                                                                                         Versão de conto popular por Ricardo Azevedo

Meu Primeiro Beijo

 
 
 
 
Meu Primeiro Beijo
Antonio Barreto

         É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
        Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
        " Você é a glicose do meu metabolismo.
        Te amo muito!
        Paracelso"
         E assinou com uma letrinha miúda: Para Celso. Para Celso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher...E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
        No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
       - Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
       Mas ele continuou:
       - Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
       - A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
       Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
      E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.
      Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por vária semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD,

O preço de uma verdade



       O filme "O preço de uma verdade" retrata a história de um jovem jornalista chamado Stephen Glass, que trabalha em uma grande revista de circulação a The New Republica.
Stephen Glass é uma pessoa quieta, observadora, manipuladadora, inteligente e criativa. Esse perfil o ajudou para que criasse persongens, lugares, eventos, fatos, entre outros, que só existiam em sua mente, no seu mundo de faz de conta.
Ao escrever suas matérias fictícias como algo real, Stephen violava a ética na comunicação, na qual o jornalista jamais deve transmitir, algo irreal como sendo uma verdade absoluta. Além disso, inventar histórias parcialmente ou integralmente atinge o público que compra a revista e se sente lesado ao saber que as matérias tidas como verdaeiras são, na realidade  falsas. Ao ser descoberto que das 41 matérias escritas por Stephen 27 foram forjadas, a revista retratou-se perante o público.
O filme além de contar uma história verídica, serve como uma alerta e reflexão para jovens jornalistas que ingressam nessa profissão com o objetivo de conseguir o sucesso a qualquer preço, não se importando com a ética, com a opinião da sociedade que preza ainda por valores morais , pela verdade acima de tudo. Enfim, por uma consciência crítica de que o jornalista detém em suas mãos , o poder de atingir milhares de pessoas com seu trabalho. Por essa razão ele deve ter a responsabilidade pelo que escrever. Além disso, é fundamental que editores, e principalmente, repórteres sempre devem checar e apurar suas fontes, para saber se elas estão seguras. Tudo para que não haja informações que prejudique o compromisso com a verdade.

Lembranças do Golfo

 

 

 Lembranças do Golfo

Mais um acontecimento trágico marca a guerra do Golfo. Hoje, 25 de novembro de 1990, cerca de 150 soldados americanos morreram e 200 ficaram feridos em um ataque surpresa na base americana instalada no Kuwait.

Eu não poderia esquecer aquele dia. Em toda minha carreira , como jornalista, presenciei não só mucanças históricas, mas talvez a maior mudança de todas : a da minha vida.

Estávamos todos amedrontados com aquela situação. não era fácil dormir em péssimos locais, onde se ouviam gritos de dor e barulho da explosão das minas a poucos metros de distância.

O cenário horrendo da guerra fez com que eu percebesse que tudo não passava de uma fraude. O homem que por paz, ou, pelo menos, por relações harmônicas, é o mesmo capaz de matar a sua própria espécie em nome da fraternidade,se assim pode-se dizer. Com isso foi despertado em mim o desejo de ajudar os feridos na guerra e tormei-me voluntária da Cruz vermelha.

Em meio a tantos rpostos que expressavam a guerra em si, um deles me chamou à atenção. Era o de um jovem soldado de olhos azuis e de pele branca.Deveria ter cerca de 26 anos de idade e estava com um ferimento na perna esquerda.

Perguntei o nome dele e se poderia ajudá-lo . Ele respondeu que se chamava Ryan e que eu poderia ajudar, conversando com ele.

Falávamos sobre a guerra, a dor de star longe dos entes queridos e até de aspectos particulares.
A partir daí, todos os dias , nos víamos e as conversas eram as mais variáveias possíveis.

Continuei fazendo as matérias para o jornal "The world" e me encontrando com Ryan. A imagem dele fazia com que a guera fosse irrelevante aos meus olhos.

Deveria ter cercade 26 anos de idade e estava com um ferimento na perna esquerda.
perguntei o nome dele e se poderia ajudá-lo.Ele respondeu que se chamava Ryan e que eu poderiar ajudar , conversandop com ele.
Falávamos sobre a guerra, a dor de eastar longe dos entes queridos e até de aspectos particulares.
A partir daí, todos os dias, nos víamos e as conversas eram as masis variáveis possíveis.
Continuei fazendo as matérias para o jornal "The world" e me encontrando com Ryan.
a imagem dele fazia com que a guerra fosse irrelevante aos meus olhos.

Mas , numa noite, talvez a mais triste de todas, Ryan me procurou e notei que ele estava preocupado. aquela noite era a nossa última recordação.... ele se despediu com um beijo explicando que não podíamos ficar juntos pois a guerra podia ser dolorosa para as nossas vidas.
quando a guerra acabou resolvi não procurá-lo mais e útima notícia que tive de Ryan foi a de que
ele tinha sido consagrado um importante coronel do exécito norte americano.